Foi durante o período da União Ibérica (1580-1640) que o rei da Espanha Felipe IV, resolveu em 14 de junho de 1637 colonizar a região que hoje é o Amapá e criou a Capitania do Cabo Norte e doou ao donatário Bento Maciel. Porém o mesmo não chegou a se estabelecer na região e nem mesmo determinou sua colonização: primeiro porque em 21 de janeiro de 1638, foi nomeado governador geral do Estado do Maranhão e Grão-Pará e permaneceu no cargo até 4 de setembro de 1641, já sob a restauração da coroa portuguesa e como militar não dispunha de recursos financeiros para custear o empreendimento. Essa iniciativa da criação da Capitania, segundo Estácio Vidal Picanço (p.37), foi com o intuito de coibir os holandeses, franceses, ingleses e irlandeses de se apossarem dessas terras. A criação da Capitania do Cabo Norte “foi uma resposta à iniciativa dos franceses que criaram em 1633, uma companhia para colonizar a Guiana, época da fundação de Caiena, com idêntica denominação de terras do Cabo Norte, que desde então os franceses começaram a intensificar os propósitos de expansão territorial para a área do Amapá”. Daí a escolha de um administrador militar para receber a doação desta área. A grande estratégia dos portugueses foi materializada com a criação da Capitania do Cabo Norte, as terras amapaenses permaneceram praticamente durante todo o século XVII pouco ocupada. Após a morte do donatário Bento Maciel em 1645 e depois de seus herdeiros, até o término do século XVII, a capitania possuía apenas uma feitoria e pequenas fortificações, entre elas a de Santo Antônio de Macapá, fundada em 1687/88, para garantir a defesa contra a intenção francesa de Caiena e a legitimidade lusitana nesta região. O fracasso dessa capitania fez com que os portugueses extinguissem e a anexasse à capitania do Grão-Pará, ainda no final do século XVII. LIMITES DA CAPITANIA DO CABO NORTE
Segundo o padre Alemão BETTENDORFF (1990, p31), os limites da capitania do cabo norte pela primeira vez são delimitados do Cabo Norte ou Costa do rio Oiapoque, Paru e Amazonas. A QUESTÃO DO CONTESTADO AMAPAENSE Uma parte da área do Amapá começou a ser ameaçada desde 1633, quando os franceses fundaram Caiena e começaram a intensificar os propósitos de expansão territorial para a área do Amapá. Mas foi a partir do final do século XVII que os franceses se tornaram intransigentes. FATOS OCORRIDOS DURANTE O CONTESTADO Em 1691, o Marquês de Ferrolhes enviou um comunicado ao governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará para discutir a questão de limites entre Portugal e França pelo rio Amazonas. Em 1697, os franceses de Caiena invadiram a região do Cabo Norte e apoderaram-se da Fortaleza de Santo Antônio de Macapá e de Paru, neste mesmo ano foram expulsos para Caiena. Em 04 de março de 1700 foi assinado o Tratado Provisional, por este acordo, a área ficou neutra e tanto franceses como portugueses estavam proibidos de tomar posse das terras entre o Brasil e a Guiana Francesa. Em 18 de julho de 1701 o Tratado Provisional foi ratificado e ficou novamente pendente a questão de limites entre Portugal e França. Em 11 de abril de 1713, foi assinado o Tratado de Utrecht entre Portugal e França estabelecendo o rio Oiapoque como limites entre Brasil e Guiana Francesa. Em 06 de junho de 1801, durante a era Napoleônica foi assinado o Tratado de Bodajoz entre Portugal e França, determinando o rio Araguari como limite entre Brasil e Guiana Francesa, mas esse tratado foi humilhante para Portugal, pois além de imposição do limite, Portugal teve de pagar à França uma indenização equivalente a 15 milhões de Franco-ouro. Em 1809 D. João já no Brasil enviou uma expedição com a ajuda dos ingleses e conquistou Caiena Após a deposição de Napoleão, o Congresso de Viena (1815) e a Convenção de Paris (1817) determinaram a devolução da Guiana Francesa e voltaram a estabelecer o rio Oiapoque como limite entre as duas nações. Após a independência do Brasil, o governo francês voltou a reclamar a posso de terra no Amapá. Durante a Cabanagem (1835-1840), os franceses tiraram proveito da instabilidade política na região e implantaram uma guarnição militar próximo do lago dos Bagres. Em 1841 a área do Contestado ficou neutra novamente e passou a ser administrada por um representante brasileiro e outro francês, isto é, pelos dirigentes do Grão-Pará e Guiana Francesa. Em 1885, um grupo de franceses e brasileiros fundou a República do Cunani, na área que compreendia o Contestado Franco-Brasileiro, entre Cassiporé e o Calçoene. A República foi extinta em 1887. Em 1893, descobre-se ouro em Calçoene, o que motivou ainda mais a penetração de estrangeiros principalmente franceses que passaram a dominar a região. Em 1894 criou-se uma junta governativa denominada de TRIUNVIRATO, formada por Francisco Xavier da Veiga Cabral, Cônego Domingo Maltez e Desidério Antônio Coelho. Em 01 de dezembro de 1900 foi assinado o Laudo Suíço, dando a sentença favorável ao Brasil e ratificou o Tratado de Utrecht, determinando o limite pelo rio Oiapoque, integrando definitivamente a região do Contestado ao patrimônio nacional, representando um acréscimo de 225 km. Em 25 de fevereiro de 1901 a área do Amapá incluindo a que era contestado, foi incorporado ao Estado do Pará.
A EXPLORAÇÃO ECONÔMICA NO AMAPÁ DURANTE A COLONIZAÇÃO